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A Corrida para o Século XXI, de Nicolau Sevcenko

Foto do escritor: Beija-Flor EditorialBeija-Flor Editorial

Por Brenda Liliane

Nesta obra o historiador Nicolau Sevcenko (1952-2014), dialoga sobre as novas teorias científicas relacionadas à guerra, em especial a revolução tecnológica. Para conseguir discutir essas teorias, o autor compara a situação com uma montanha-russa, relacionado às forças naturais e históricas interligadas às tecnologias modernas, e a desconfiança sobre as reais intenções daqueles que as inventaram.


A corrida do Século XXI é apresentada através da aceleração na mudança tecnológica continuadamente, visto que esse recorte da história ficou marcado pelas inúmeras invenções desenvolvidas. Para compreender algumas das tendências marcantes, é necessário dividir em três partes: a primeira é ascensão contínua, metódica e persistente, essa fase representa o período do século XVI ao XIX, quando as elites da Europa ocidental iniciaram o desenvolvimento tecnológico “ordem e progresso”; a segunda fase ocorreu por volta de 1870, com a Revolução Científico-Tecnológica; a terceira é a Revolução da Microeletrônica que foi palco de grandes inovações tecnológicas.


Vale ressaltar que antes da guerra tudo seguia um padrão, sem inovações de grandes proporções, mas a partir do pós-guerra iniciaram-se produções modernas e sofisticadas. Com o final da guerra os Estados Unidos tornaram-se uma potência econômica, visto que eles dominavam os mercados cambias e controlavam os mercados de novas tecnologias. O fato é que a cada instante a tecnologia avança, a partir dos desafios que a sociedade vive naquele momento, como uma verdadeira montanha-russa, a cada instante ela cai e sobe novamente, nas palavras de Nicolau “(...) sentindo-nos incapazes de prever, resistir ou entender o rumo que as coisas tomam (...)” (2001, p. 17).


A partir do que foi intitulado como “a síndrome do loop”, Nicolau teve como intuito construir uma crítica em torno da desorientação de aceleração extrema, que caso ocorra, poderá influenciar os cidadãos que vivem em sociedade, a ceder, desistir e a usar o conformismo como meta de vida, ou seja, aceitar o que der e vier. Portanto, não é possível prever o ritmo das inovações tecnológicas, mas não é viável resistir ou compreendê-las, é algo um tanto confuso, visto que ninguém Consegue decifrar o curso e o ritmo das inovações no primeiro contato com elas. A única forma que a sociedade consegue dialogar com as inovações, é através da crítica, enquanto são avaliados os seus efeitos, sendo valorizada a força da crítica. “O problema, assim, não é nem a técnica e nem a crítica, mas a síndrome do loop, que emudece a voz da crítica, tornando a técnica surda à sociedade” (SEVCENKO, 2001, p. 18).


Para Nicolau (2001), a crítica deve ser pensada em três movimentos: o primeiro é desprender-se do recorte do ritmo acelerado das mudanças atuais, que convivemos a partir desse distanciamento, conseguir desenvolver um discernimento crítico. O segundo enfatiza o contexto das mudanças e da sociedade, como tudo aconteceu, de modo a promover a clareza e os feitos que as mudanças tiveram para os cidadãos. O terceiro momento da crítica seria analisar o futuro, após realizar uma perspectiva histórica, visto que para compreender o presente e imaginar o futuro, é necessário ter o conhecimento do contexto histórico. Portanto, para enfrentar a síndrome do loop, é necessário absorver os seus três âmbitos (passado, presente e futuro).


Após a compreensão de todo o contexto destacado pelos textos do autor, é possível iniciar a leitura do capítulo I, intitulado como “Aceleração tecnológica, mudanças econômicas e desequilíbrios”, com uma melhor compreensão dos fatos narrados.


A Segunda Guerra Mundial foi um marco que influenciou e dividiu as fases das inovações, visto que o século XX teve como sua principal característica a tendência contínua e acelerada da mudança tecnológica. De acordo com Nicolau, essas transformações podem ser compreendidas em dois períodos, intercalados pela Segunda Guerra Mundial, no sentido que a primeira fase da revolução seguiu o padrão industrial, que trazia as características da Revolução Científico-Tecnológica do século XIX, já a segunda fase, aconteceu após a guerra. Sendo assim, teve como característica principal a intensificação das mudanças, esse período ficou marcado como pós-industrial.


A crise do petróleo influenciou negativamente os anos 70, medidas tiveram que ser tomadas para conseguir atingir o dinamismo no mercado internacional. De modo a alcançar o melhor resultado, os Estados Unidos abandonaram o


padrão-ouro como mecanismo de sustentação cambial, com isso, liberando os controles cambiais que logo se expandiu para as outras economias desenvolvidas. A partir dessas medidas, foram gerados novos fluxos de capital, que ficaram livres dos controles e das restrições que antes eram praticados pelos Bancos Centrais, com isso, iniciaram novas oportunidades de investimento no mercado mundial (SEVCENKO, 2001, p. 27).


A chamada “era da globalização”, aconteceu no meio desse caos e inovação, com as medidas de liberalização dos anos 70, iniciou a difusão sistemática. Com isto, começaram a produzir alterações drásticas no quadro da economia mundial, através da expansão das empresas em outros países e dos investimentos por todo o mundo, afetando diretamente a vida de todos. Ao mesmo tempo, em que as medidas de liberalização foram importantes para esse avanço, a desregulamentação dos mercados, e as conquistas das tecnologias microeletrônicas, foram decisivas para que esse marco acontecesse.


Desta forma, com todas essas mudanças acontecendo pelo mundo, o Estado nacional priorizou o “Estado do bem-estar”, com o intuito de transferir partes dos lucros para os setores carentes da sociedade, organizando uma redistribuição de recursos, para os serviços na área da saúde, educação, moradia, infraestrutura, entre outros. A partir do controle sobre a economia, aconteceu a separação das classes sociais do mercado capitalista, visto que a sociedade começou a depender das multinacionais.


No entanto, os reflexos da globalização no mundo, interfere na lógica que seguimos como sociedade e nas vidas dos cidadãos, que acabam por não pertencer. É fato que a tecnologia veio para auxiliar o ser humano, mas não podemos fechar os olhos para o rastro das consequências, entre elas, a principal: a desigualdade entre os países, as diferentes classes sociais, que contribui para o aumento em massa da pobreza.


Conforme os cálculos do Banco Mundial, atualmente no mundo, estima-se que 115 milhões de pessoas vivem na miséria, em paralelo à fortuna de bilionários cresceu 27%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2019), no Brasil, estima-se que 52 milhões de pessoas vivem na pobreza, com renda de até R$ 436 por mês e 13 milhões de na extrema pobreza, vivem com até R$ 151 por mês.


Portanto, o campo econômico, a comunicação, a informação, o trabalho, a desigualdade, são fatores que influenciam na vida de todos, e acontecem através do avanço das tecnologias, pois, esse avanço está conectado com o período em que a sociedade vive. Mas por estarmos presos em nossos problemas, ou recortes da realidade, acabamos por não perceber, não procurar entender e compreender. No entanto, essa decisão está errada, pois, a sociedade precisa aprender, desaprender e reaprender novamente a tecnologia que está a nos ajudar a evoluir como seres humanos e como sociedade.


O mundo está conectado a um simples clique. 


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