Por Luana Moura
Em julho esta colunista aniversaria. Sempre foi minha época favorita do ano porque é acalentador olhar para trás e perceber que mudei, como deveria.
Contudo, em se tratando de capacitismo, o que realmente mudou nesses 28 anos?
Muita coisa? Pode ser. Mas terei que retroceder para além da minha idade, para dar um contexto histórico.
Já não se abandona ou sacrifica bebê com deficiência, tal como acontecia na Grécia e Roma antigas, respectivamente.
No entanto, com latência e covardia, há o pensamento distorcido de que a deficiência possa ser um castigo. Fragmentos da Idade Média.
A noção da necessidade de incluir é decorrente da Segunda Guerra, que gerou uma significativa quantidade de sobreviventes com deficiência, principalmente físicas.
Foram criados hospitais capazes de acomodar pessoas consideradas inválidas.
Mas foi a partir da década de 70 que a existência PCD foi efetivamente notada.
Em 1971, finalmente e recém, a ONU elabora a Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência Mental. Só em 1975 foi promulgada a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência os documentos literalmente garantiam que PCDs eram humanos e que tínhamos direito à assistência social.
O ano de 1981 foi declarado Ano Internacional das Pessoas com Deficiência; em 1994 a Declaração de Salamanca visava estabelecer inclusão educacional para PCD.
Isso aconteceu só dóis anos antes do meu nascimento!
De lá para cá, algumas nomenclaturas mudaram, são pessoas com deficiência e não os portadores dela.
Contudo, o acontecimento mais notório foi em 2006, quando eu tinha 10 anos, a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência.
No Brasil, somente em 2008 a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva assegurou que alunos com deficiência frequentassem escolas regulares. Por que tanta demora?
Há dez anos, o preconceito que assolou minha vida ganhou nome, embora há muito tivesse cara: CAPACITISMO.
Houve mais do mesmo para a obtenção do mínimo, mas a verdade é que a teoria é uma bela dama e a prática, bruxa horrenda.
Faltam ações afirmativas mais efetivas, mais cursos de capacitação e diálogo franco e sem melindres sobre o assunto.
A impressão que tenho é que nasci cedo demais…