Por Brenda Liliane
A globalização é um termo que ajuda a compreender o avanço e a integração econômica, social, cultural e política entre os países. A origem deste conceito não tem um ano definido, mas especula-se que a origem do processo iniciou-se na década de 1980, em decorrência da queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria. Apesar disso, algumas teorias supõem que o início da globalização aconteceu com a expansão marítimo-comercial europeia, foi nesse momento que o sistema capitalista expandiu-se pelo mundo (PENA, 2020).
Sendo assim, esse assunto perpétua fortemente pela nossa atual sociedade contemporânea, visto que, através deste termo é possível descrever a conjuntura do sistema capitalista e a influência que ela exerce sobre a consolidação do mundo. A globalização é analisada e estudada, a partir da integração entre os diferentes locais do planeta e a comunicação dos sistemas. No entanto, vale ressaltar que ela está em constante evolução, portanto, é um processo que se transforma a todo instante e para conseguir compreender o que está acontecendo na nossa atual sociedade, é necessário analisar o processo na totalidade.
Em uma breve definição a globalização pode ser definida e entendida como “a integração com maior intensidade das relações socioespaciais em escala mundial, instrumentalizada pela conexão entre as diferentes partes do globo terrestre” (PENA, 2020). Desta forma, a globalização é o processo da extensão das relações econômicas, comerciais e culturais, concretizado através do avanço dos sistemas de telecomunicações e transportes.
“A globalização é caracterizada pelo avanço da ciência que aprimora as técnicas, disseminadas pelo espaço e evoluídas através da informática. É neste período “técnicocientifico-informacional”, que pensamos com preocupação as questões sobre escassez dos recursos ambientais, divisão de renda, exclusão social e resgate da cidadania, pois, o modelo implantado e a forma como é pensado e apropriado o espaço pela globalização, aumentam significativamente a gravidade dessas questões, e nos levam a pensar e a acreditar que uma nova globalização faz-se necessária, uma nova história deve começar, mas, de forma diferente da atual globalização perversa e excluidora. Uma globalização para os pobres, globalização da inclusão, com o objetivo da valorização do homem frente ao mundo do dinheiro” (FARIAS, 2010, p. 05).
Partindo da ideia do poder e da influência que essa união possui sobre a sociedade, o geógrafo, escritor, cientista, jornalista, advogado e professor universitário brasileiro, Milton Almeida dos Santos (1926 – 2001), dedicou a sua vida ao estudo sobre como esse termo de extrema abrangência influencia diretamente na concretização dos direitos humanos fundamentais e na lógica da sociedade.
Em 2001, com base na entrevista realizada com Milton Santos, gravada quatro meses antes de sua morte, o cineasta brasileiro Sílvio Tendler, conduziu e lançou a obra cinematográfica intitulada como “O mundo global visto do lado de cá”, cujo propósito é dialogar os problemas da globalização na perspectiva do terceiro mundo. Conforme destacado no longa-metragem, Milton defendia a existência de três mundos vivendo em um só. Para compreender esses mundos é essencial a compreensão da globalização, e a partir da percepção, realidade e possibilidade, identificar os mundos.
Desta forma, é possível apontar alguns aspectos negativos da globalização para a humanidade, como o desemprego que se tornou algo crônico e normal, a pobreza que a cada dia que passa aumenta, a educação de qualidade que por vezes somente a classe dominadora consegue ter acesso, a divisão entre as classes sociais que a cada ano fica mais visível, a mortalidade infantil que às vezes é tratada como algo banal. Destaco a frase de um entrevistado do documentário que mencionou que para não perder a casa, usou o salário inteiro para pagar somente o aluguel e a compra do mês não foi realizada. Quantas famílias estão deixando de comprar o alimento para pagar o aluguel em 2021? O documentário é de 2001, mas o contexto e a perspectiva continua a mesma.
Portanto, os direitos humanos básicos como o direito à vida, a moradia, a segurança e tantos outros importantes para o ser humano conseguir viver com dignidade estão sendo violados. O principal aspecto negativo destacado por Milton, foi a desigualdade social que por vezes é proporcionada por conta do capitalismo que beneficia aqueles que estão no poder. Como destacado no documentário “A humanidade se divide em dois grupos: – O grupo dos que não comem; E o grupo dos que não dormem – com receio da revolta dos que não comem”. (Josué de Castro). Nesse sentido, a globalização acaba por contribuir com as expressões relacionadas à desigualdade social, preconceitos e pré-conceitos, discriminação, exploração humana e as várias violações de direitos humanos.
Sendo assim, para conseguir compreender a nossa atual sociedade com base no documentário, destaco a ligação que existe entre o terceiro mundo com a pobreza; as privatizações dos direitos fundamentais, como o direito a dignidade e a moradia que por lei estão assegurados a todos os cidadãos; o desperdício da comida, muitos esbanjam, outros passam fome; o fato das empresas e das pessoas, bem sucedidas não se preocuparem com a questão social do Brasil e a relação entre os dominadores com os dominantes.