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Resgatar-se e recomeçar

Foto do escritor: Beija-Flor EditorialBeija-Flor Editorial

Por Luciane Monteiro


“Quem sabe devesse dar uma chance a si mesma (...), acreditar na possibilidade de um resgate, de um novo começo, agora que começava a sentir as feridas cicatrizando aos poucos.”


No artigo anterior, em apoio à campanha Agosto Lilás, de conscientização e combate à violência contra a mulher, escrevi sobre o relacionamento tóxico. Descrevi as características mais evidentes de um narcisista perverso, explorando o caminho de um relacionamento que começa como um 'conto de fadas', evolui para um algo tóxico com a violência psicológica e, eventualmente, culmina na agressão física.


Hoje, quero discorrer sobre o momento mais importante após uma mulher se libertar de um relacionamento abusivo: o recomeço. Ao escrever o livro “A última tempestade”, meu principal objetivo era mostrar como uma mulher pode se reerguer de uma situação difícil, resgatando sua própria essência e voltando a acreditar nas pessoas e no amor. No entanto, ao chegar aos capítulos que abordam a violência, e estudar esse processo, percebi a necessidade de ir mais a fundo, mexer na ferida, fazendo doer como uma forma de protesto e conscientização. Por isso, optei por ampliar o número de páginas dedicadas a essa difícil jornada da protagonista, para então escrever sobre a minha parte preferida da narrativa: o resgate e a cura.

Refletindo sobre esse recomeço, que foi o foco da narrativa fictícia, não poderia deixar de dar continuidade ao assunto. É crucial enfatizar a importância da cura interior para continuar escrevendo novas páginas, mais bonitas e mais leves, da sua história.


“Eu preciso me resgatar sem depender do amor de outra pessoa”.


Esse é o passo mais relevante no seu recomeço após um relacionamento tóxico ou violento: independência emocional. E por que é tão importante? Para que você não seja vítima de outro “predador”. Algumas pessoas acreditam que um amor se cura com outro, mas não sou muito adepta dessa alternativa. Gosto de acreditar que é preciso um tempo de cura interior e restabelecimento da certeza do eu pessoal: quem somos, qual é o nosso valor e por que merecemos o melhor, não somente dos relacionamentos, mas da vida. 


Pode parecer simples, mas não é. Só aceitamos pouco quando não estamos certos da nossa riqueza interior, por isso insisto que é preciso resgatar sua essência e sua força antes de se abrir para o novo. É preciso dar vida à sua natureza selvagem, a que simplesmente “era” antes que os outros lhe dessem nomes, ou seja, existia sem precisar de aprovação externa. Quando você compreender e se apaixonar por seu eu verdadeiro, exaltando suas qualidades e aceitando suas falhas, bem como o que faz de você única… ninguém te derrubará outra vez. 


“A vida é como essa roda-gigante, uma hora estamos lá embaixo, outra hora estamos aqui em cima. E olha que visão incrível!”


O processo de cicatrização é lento, mas é preciso insistir. Sair de um relacionamento tóxico, como o próprio nome diz, é como se curar de um vício, como o álcool ou as drogas. Demanda tempo, esforço, terá altos e baixos. É um trabalho diário por uma recompensa que nenhum dinheiro compra: sua vida, sua liberdade, sua paz. Enfrente os dias escuros e sem cor. Descubra a força que vem de dentro e que só conhecemos quando precisamos enfrentar o perigo. Enfrente. Ouse! A vida é uma só, por isso não permita que ninguém tire de você a delícia de saborear um novo dia sem peso, sem sobressaltos. Você merece ser feliz, porém isso só é possível quando você se permite esse merecimento. 


“Se você teve muitas lutas, deveria olhar para si mesmo agora. Você não é mais a mesma pessoa, você está mais forte, e isso é motivo para agradecer.”


Provavelmente há pouco ou quase nada a agradecer por ter vivido um relacionamento cruel, mas o que não se pode negar é que tudo o que vivenciamos nos transforma de algum modo. Quando convivemos com pessoas difíceis, aprendemos aquilo em que não queremos nos tornar e (quase sempre) aprendemos a distinguir pessoas com quem podemos ter um relacionamento saudável daquelas de quem devemos manter distância. Contudo, é inegável o fato de nos tornarmos mais fortes a cada nova batalha. E a vida é isso: erros, acertos, tristezas e alegrias. 


Se esse resgate estiver difícil, busque ajuda de amigos, da família ou mesmo de um profissional. Encontre suas amigas, permita-se às risadas. Descubra as atividades que te conectam à sua paz interior: caminhadas, exercícios físicos, meditação, oração; seja qual for a sua direção, o importante é estar ligada a algo latente. Algo para te lembrar todos os dias: a vida continua, você merece o melhor, e cada dia é uma nova oportunidade que recebemos para recomeçar.  



Curada de antigas feridas, ou ao menos mais recuperada e fortalecida, você estará pronta para olhar a vida com outros olhos e aceitar o que te faz crescer, sempre consciente do seu valor. 


A partir daí, dê uma nova chance a si mesma e comece a trilhar novos caminhos! 



Formas de violência previstas pela lei: física, moral, psicológica, patrimonial e sexual. O gaslighting se enquadra no abuso psicológico, pois é um forma de manipulação onde a pessoa distorce a realidade, de modo a levar a vítima a questionar a própria lucidez. 


Para denunciar violência doméstica:  ligue 180, central de atendimento à mulher, ou 190, Polícia Militar.


Em Curitiba, você também pode contar com a Casa da Mulher Brasileira: (41) 3221-0701.


Mulheres que apoiam mulheres:

Siga o Ela, Curitibana, não apenas se você for de Curitiba, mas de qualquer lugar do Brasil, para acompanhar postagens informativas sobre esse e outros temas concernentes às mulheres em situação de vulnerabilidade: @elacuritibana (instagram)


No CMA-PR, as advogadas estão sempre atentas às pautas femininas e postando novidades e apoio a outras mulheres. Vale a pena acompanhar: @cma_oabpr (Instagram)


Os meus livros que abordam a violência contra a mulher são:


A última tempestade (Editora InVerso): retrata não somente a evolução de um relacionamento tóxico, mas também a cura e o recomeço da personagem. Foi pesquisando para escrever esse livro que me dei conta da profundidade do problema e do número de mulheres que sofrem ou já sofreram violência conjugal. As citações ao longo do artigo foram retiradas desta obra.


Fama ao Avesso (KDP Amazon): o livro aborda a pornografia de vingança, uma outra forma grave de violência contra a mulher, em que o agressor expõe fotos ou vídeos íntimos constrangedores na internet. Vem se tornando bastante frequente devido ao aumento do uso das redes sociais.


Leia o artigo anterior na minha coluna, relacionado ao mesmo tema: Hoje o papo é sério: Se estiver sufocando, fuja!




Luciane Monteiro é paranaense, natural de Paranaguá. Graduada em Letras por amor à literatura, enredou-se na carreira docente, e sua avidez por compreender a mente humana a levou a iniciar uma jornada de estudos em Psicanálise. Escritora por paixão, gosta de mergulhar no universo feminino, masculino ou infantil, com o intuito de desvendar os nós de cada um, inventando novas possibilidades para cada realidade diante de seus olhos! Participou de diversas antologias e é autora de livros de literatura infantil, infantojuvenil, contos e romances, entre eles “Taça Escarlate”, “A última Tempestade”, “O Veneno Negro” e “Cordilheira e Outros Descaminhos”. Atualmente, mora no Canadá, onde faz parte do grupo Voix de Pasaj, cujo objetivo é difundir a pluralidade intercultural no Québec.


Siga a autora no Instagram: @lucianemonteiro.escritos   

Conheça sua trajetória, livros e textos no site:www.lucianemonteiro.com

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Image by Khusen Rustamov from Pixabay


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