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Sobre ética

Foto do escritor: Beija-Flor EditorialBeija-Flor Editorial



Por Augusto Rossini

Por muitas vezes, em textos anteriores, me coloquei em um lugar de fala onde há alguma experiência e necessidade de tradução do meu abstrato para leitores que não são experientes com meditação. Obviamente é legítimo garantir que consigo descrever o pouco que sei. Mas afirmo: sou um jovem de 22 anos. E por isso, preciso dessa modéstia/humildade antes de qualquer aconselhamento. Mas muito além de admitir meu lugar de fala, afirmo que para cada ser existe um caminho diferente. Ou seja, indo pelo que falo ou em direção contrária, o seu caminho já se iniciou. Com isso, hoje quero trazer um pouco do básico em ética. Pois sem uma boa educação, é impossível encontrar e buscar qualquer tipo de silêncio. E não, eu não vou recorrer a nenhuma fonte específica e catalogada. Vou melhorar minha descrição em cada tentativa.


Nesse contexto, ter ética é como saber navegar um barco: se escolhe a carga, os passageiros e a forma de navegar conforme a embarcação e com a sua experiência no leme. Também tem o caminho: em quais águas suas escolhas são capazes de atravessar? A resposta pode parecer óbvia partindo dessa analogia, mas não é tanto quando se trata de preparar-se rotineiramente para uma prática de meditação. Pois apesar de vivermos em um país considerado religioso e praticamente sem guerras, as práticas e os resultados mentais colocados por essa sociedade dificilmente nos permitem (por si só) esse silêncio pelo qual buscamos e ansiamos. Claro que é importante se permitir certas brincadeiras e festejos, portanto que tenham a sua hora de começar e de acabar. Toda postura tem o seu momento (sua recaída e o seu ápice). Ter ética não é somente manejar o tempo de cada atitude, como também filtrar e aceitar o que lhe é benéfico enquanto exercício de pensamento.


Há momentos em que é muito difícil aceitar a idade que chega. Muitas vezes, até com uma nostalgia daquele tempo em que se era mais tolerante. Quando falo de administrar o momento certo para tudo, o seu tempo já sabe disso. Fechando nossos olhos, sem a busca da eterna (e inerte) juventude, encontramos novos entusiasmos (e juventudes) que fazem parte desse desbravar marítimo. Renovar, portanto, é uma escolha descansada e desapegada de qualquer preconceito. É aí que se inicia a ética e começa uma forma de se tolerar com beleza e paixão. Percebendo cada detalhe que te retorna nesse ciclo infinito de autoperdão, você passa a trazer essa atmosfera aos seus mais íntimos. Crescendo e caindo, percebe-se que cada dia mais se precisa desse mesmo movimento consigo e com esses mesmos íntimos que te acompanham em sua jornada. Chega a solitude enquanto uma forma de se reencontrar teimosamente. Logo, quando retorna a vida social, se entende que todos os atores dessa peça que chamamos de vida tem uma importância tão especial quanto os íntimos e profundos laços que você construiu em suas oportunidades contempladas. Isso não significa ser submisso com todos, independente de quem seja. Mas sim em aceitar cada um desses em suas atitudes e gestos, permitindo que não mais ocorram incômodos supérfluos e desnecessários.


Meditar também é sobre tempo. Não só aquela abstração silenciosa alcançada por monges, mas também aquela convivência pacífica com aqueles que fazem parte dessa mesma trama do palco da vida. É possível então ser ético e indiferente ao mesmo tempo? Com toda a certeza! Pois é saudável permitir que tudo o que a vida fornece venha a tona. Não há nenhum problema com essa atitude, desde que não agrida injustamente outras pessoas. Cabe a sua escolha perante seus contextos saber o momento certo de conviver com essa indiferença. Mas e se alguém propositalmente levar um coice físico ou verbal de mim? Volte ao ciclo da ética e se perdoe por isso antes de pedir perdão aos outros. E


lembre-se: tem momentos em que se deve falar, outros de silenciar. Pois sempre será você o seu/sua própria(-o) mestra(-e) 


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