Por Glaucia Torres
Nos últimos anos, a sustentabilidade e a tecnologia verde emergiram como um dos principais temas no mercado imobiliário global. No Brasil, essa tendência não poderia ser diferente. A conscientização crescente sobre as mudanças climáticas, aliada às novas regulamentações ambientais e à demanda por soluções habitacionais mais sustentáveis, impulsiona a adoção de novas práticas na construção civil, moldando o mercado imobiliário de maneira significativa.
Essa transformação está alinhada às diretrizes do Código Ambiental, que estabelece princípios e normas para a gestão do meio ambiente, visando prevenir danos e minimizar os impactos negativos causados pelas atividades humanas. Entre os princípios relevantes estão o do desenvolvimento sustentável, que harmonizará o crescimento econômico com a conservação do meio ambiente. Além disso, a Política Nacional do Meio Ambiente destaca a importância da responsabilidade compartilhada, impondo ao setor da construção civil diretrizes para adoção de medidas de prevenção ambiental.
No mercado imobiliário, a sustentabilidade refere-se ao ato de desenvolver, operar e construir edificações que minimizem impactos ambientais. Conhecida como “tecnologia verde”, tais práticas permitem conduzir o ciclo de vida dos produtos com mais responsabilidade, aumentando o uso de materiais ecológicos, sistemas de energia renovável e tecnologias de construção inteligente.
Atualmente, temos alguns ícones de sustentabilidade que servem de inspiração para os novos projetos. O Pátio Victor Malzoni é um exemplo emblemático de empreendimento sustentável no Brasil. Localizado na Avenida Faria Lima, atual centro financeiro de São Paulo, o edifício foi projetado para maximizar a eficiência energética e minimizar os impactos ambientais. Com um sistema de reaproveitamento de água de chuva e uma fachada que proporciona iluminação natural, o prédio conseguiu a certificação LEED Gold, um dos padrões mais elevados de construção sustentável.
Outro exemplo é o Projeto Cidade Matarazzo, também em São Paulo, que transforma um antigo hospital em um complexo de uso misto, com foco na sustentabilidade. O complexo incorpora tecnologias verdes, como sistemas de energia solar, reutilização de águas pluviais e uso de materiais reciclados e de baixo impacto ambiental, servindo como modelo de regeneração urbana sustentável.
Entre os benefícios de todas essas tecnologias verdes, destacam-se a redução de custos operacionais, já que edifícios sustentáveis tendem a ter uma operação menos dispendiosa em razão da eficiência energética, e a contribuição ambiental, com a redução dos gases de efeito estufa e conservação de recursos naturais.
A adoção de práticas sustentáveis também gera impactos positivos na saúde e bem-estar da população. O artigo The Health Benefits of Green Buildings, publicado pela Escola de Saúde de Harvard, mostra que edifícios sustentáveis contribuem para a melhoria da qualidade do ar e para a redução de poluentes internos, promovendo ambientes mais saudáveis. Além disso, a iluminação natural e a ventilação adequada são aspectos importantes que influenciam positivamente o humor e a produtividade dos ocupantes. O artigo Green Spaces and Mental Health, da EHP Publishing, também revela que a promoção de espaços verdes dentro e ao redor dos empreendimentos incentiva a prática de atividades físicas e o contato com a natureza, beneficiando a saúde mental dos seus ocupantes.
Além dos benefícios já citados, a sustentabilidade no mercado imobiliário também contribui para a criação de valor. Investidores e consumidores estão cada vez mais conscientes da importância de práticas sustentáveis e tendem a preferir imóveis que incorporem essas tecnologias. Isso se traduz em uma maior demanda e, consequentemente, valorização do bem. Com estímulos governamentais e políticas públicas, o retorno sobre o investimento em práticas verdes é potencializado, oferecendo vantagens econômicas significativas, que serão usufruídas por quem adquirir imóveis com essas caraterísticas.
Apesar de tantos benefícios, a adoção ampla de práticas sustentáveis também enfrenta desafios, como os custos iniciais da obra e a necessidade de treinamento especializado dos profissionais envolvidos. No entanto, as oportunidades são vastas, especialmente com o crescente interesse da população e a introdução de políticas governamentais de incentivo.
A integração de práticas sustentáveis e tecnologias verdes no mercado imobiliário não só reflete uma tendência global, mas também representa uma oportunidade significativa para inovar e investir em imóveis. Com tantos benefícios amplamente reconhecidos, o futuro do setor está intrinsecamente ligado ao compromisso com a sustentabilidade, contribuindo essencialmente para a construção de uma estrutura urbana mais equilibrada, saudável e lucrativa.
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