Por Paloma Sama
O segundo game dessa lista pode ser um pouco controverso e nem tão apreciado por muitos por sua temática forte e mais fora do padrão.Tendo gerado, inclusive, o repúdio de muitos e até mesmo seu banimento, mas aqui o que estamos vendo são potenciais enredos para bons livros, sejam eles romances ou terror de arrepiar os pelos da nuca.
Manhunt
(Lançado em 2003 pela Rockstar Games – Jogo de terror e survivor horror)
Após tornar-se um criminoso perigoso, ser preso e condenado à morte, James Earl Cash está a um passo do fim. Trancafiado na Penitenciária Darkwoods, em Carcer City — cidade totalmente consumida pela criminalidade, onde nem mesmo as autoridades são confiáveis —, por três anos, ele finalmente será morto por injeção letal.
No dia da execução, perante as testemunhas — algo comum nos EUA —, o líquido chega a ser aplicado na veia de James, que “morre”.
Um tempo depois ele acorda, em uma outra sala, confuso num primeiro momento, até compreender que o despertara fora uma voz estranha que vinha através de um alto-falante querendo lhe dar instruções. A mesma pertencia a Lionel Starkweather: diretor de filmes snuff (filmes com imagens reais de execuções e torturas, vendidos ou até mesmo dispostos gratuitamente, no lado obscuro da internet), que começou a fazer tanto dinheiro com seus filmes, que graças a isso passou a deter boa parte de Carcer City na palma de sua mão. Tanto é que facilmente subornou os guardas e médicos da prisão para fazerem uma execução falsa e ele possuir todo o poder sobre a vida de James, que agora seria o novo protagonista de seu filme bizarro, o qual ao finalizar, lhe daria sua liberdade.
Lionel explica que quando James deixar a sala onde está, será perseguido por uma série de psicopatas, gangues, criminosos como ele, que tentarão matá-lo. Sem opções, James deixa o local “seguro” e inicia a sua sina — tendo a liberdade como a luz no fim do túnel —, indo parar em diversos locais, sem absolutamente nada para protegê-lo. No decorrer do caminho, Lionel lhe dava instruções de como se livrar deles: matando-os para sobreviver. Quanto mais violenta fosse a morte, mais fácil ele passava para a próxima tomada.
No entanto, sendo subestimado por todos que encontrava, James se saía bem durante as investidas até descobrir que o diretor o queria morto e não o contrário. Chegando até mesmo a usar sua família como personagens do filme, fazendo James entrar em estado de fúria e jurar vingança pelo sofrimento suportado até então.
A história do jogo é com certeza +18, lotada de gatilhos, sendo claramente voltada para um público específico. Quem tiver o estômago mais fraco, deve passar longe dele. Já para os amantes de gore, esse seria o indicado.
Considero o enredo muito promissor, abrindo margem para diversos debates e ponderações sobre uma conspiração diante os condenados à morte, como James, ou o acesso, sem punição para quem faz e consome filmes snuff (um tema pouco abordado e até desconhecido para muitos).
O protagonista é um homem frio, que não se preocupa em tirar outra vida e claramente não é nenhum inocente. Se mostra mais humano quando sua família é pega e precisa correr contra o tempo para salvá-la, tendo ainda o plot do diretor, que parece querer o bem de James, auxiliando-o em sua fuga de um jogo doentio, mas que, na verdade, é quem está por trás de tudo.
Se fosse uma obra lançada atualmente, provavelmente seria possível haver uma exploração muito maior do interno, de como o personagem se sentiria diante tanta violência contra si, contra outrem e também contra sua família, evidenciando que se manter vivo é muito mais penoso e difícil do que se espera. Afetando o psicológico, fragmentando sua sanidade. E o mais importante, trazendo a frase: se não tivesse cometido um crime, não estaria passando por isso.