Por Maria Gabriela Cardoso
Entre poeira desceu o sol,
o chão que as rodas amassavam mudou de aspecto
as árvores viraram pasto e o rio tornou-se pedra,
fazendo a sede assolar a comunidade
em pouco tempo, a comida escasseou;
os animais dos produtores das cercanias morreram
e as máquinas agrícolas derrubaram o que restava.
Na cidade, todos assistiam à televisão falar que;
o agro é pop e que aquilo era progresso brasileiro
mas só sabia a verdade quem era morto pelos madeireiros
Sem firmamento dado pela vegetação, a terra cedeu;
e muita gente morreu no deslizamento
muitos se chocaram, a prefeitura disse que contratou engenheiros
e tudo estava nos “conformes”, mas isso não diminuiu a força da natureza
e o estrago feito em tantas famílias pelas perdas
Não bastaram os milhares de hectares, os homens queriam mais,
eram garimpeiros, eram grileiros
até os indígenas foram embora
tiraram as onças, os tamanduás e por fim, as pessoas
Debaixo da massa de poeira que entrava pelas narinas;
sufocando toda aquela quantidade de gado,
lá sobraram os culpados procurando mais algum metro quadrado.
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