Por Ana Júlia
Se você é amante de romances, assim como eu, e está inserido nas redes literárias, provavelmente já ouviu o termo “tropes” em vídeos ou textos de indicações. Mas você sabe o que isso significa?
“Tropes literárias” são recursos narrativos que guiam uma história, podendo ser também conhecidos como os famosos “clichês”, presentes na obra, que nos cativam ou nos afastam de determinado livro, dependendo do seu gosto pessoal. Hoje mergulhemos nas tropes mais comuns nos romances e suas características. Preparados para aumentar seu vocabulário literário? Então, vamos lá!
Começando a lista, temos o famoso “friends to lovers” ou “de amigos para amantes”, um dos clichês mais famosos. Aqui, os protagonistas são amigos próximos e, ao longo da história, descobrem sentimentos românticos um pelo outro. Geralmente, o relacionamento amoroso é construído de forma gradual, adicionando algo a mais em uma dinâmica de confiança e intimidade já estabelecida. Em contrapartida, temos também o “enemies to lovers”, “inimigos que se tornam amantes”, onde os personagens começam a história como adversários ou inimigos, nutrindo um certo sentimento de ódio em relação um ao outro, e, ao longo do tempo, desenvolvem sentimentos românticos. Um clássico muito conhecido, “Orgulho e Preconceito” (Jane Austen), explora bastante essa trope.
Um dos meus recursos favoritos é o “fake dating”/”namoro falso”. Nesse clichê, os protagonistas fingem estar em um relacionamento romântico por alguma razão e, conforme mantêm a mentira, acabam desenvolvendo sentimentos reais um pelo outro. Cenas que evidenciam ciúmes ou o quanto um personagem significa para o outro são bem comuns nessa trope e rendem muitos suspiros quando o casal enfim admite para si o que sentem. Associado a esse clichê e também a muitos outros, é comum vermos o “slow burn”, “romance lento”, ou seja, a construção gradual de um relacionamento romântico ao longo da trama, criando tensão e expectativa até que os personagens finalmente se unam.
As tropes “found family” (“família encontrada”) e “second chance” (“segunda chance”) são geralmente as mais emocionantes, trazendo um grande desenvolvimento dos sentimentos dos personagens. Na primeira, temos laços estreitos e significativos sendo formados uns com os outros que, muitas vezes, superam as dificuldades familiares biológicas. Já no segundo caso, os protagonistas têm a oportunidade de reavivar um relacionamento romântico do passado, enfrentando desafios e resolvendo conflitos antigos.
Para finalizar as tropes mais comuns, uma que divide opiniões: o “triângulo amoroso”. Esse é o famoso “8 ou 80”, ou você ama, ou odeia. Aqui, os protagonistas encontram-se envolvidos em um triângulo amoroso, onde há uma disputa entre três personagens pelo amor romântico de um único personagem central, tendo variações sobre os sentimentos envolvidos, mas trazendo sempre uma pessoa e dois interesses. Eu, particularmente, gosto desse recurso quando ele é bem desenvolvido e vai além do drama criado pela disputa.
Existem muitos mais recursos que não foram citados aqui, mas, seja como for, ao explorarmos as tropes literárias nos romances contemporâneos, somos convidados a mergulhar em um vasto universo de emoções e expectativas, cada uma oferecendo uma experiência única de leitura. Enquanto algumas nos levam por uma jornada de crescimento e descoberta, outras nos desafiam com o intenso drama.
No final das contas, independentemente das nossas preferências pessoais, as tropes literárias nos convidam a explorar as complexidades do amor e das relações humanas, enriquecendo nossa compreensão e apreciação dos romances que tanto amamos. E você? Tem uma trope preferida?