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PCD

Atualizado: 13 de fev.

Por Luana Moura




Eu não caminho. Esse fato me faz pertencente à categoria das pessoas ou com deficiência, ou simplesmente PCD.


Se eu lido bem com a minha limitação? Boa pergunta.


Para responder da maneira mais honesta possível, eu preciso explorar algumas vivências minhas e pontuá-las.


Ser PCD é, na maioria das vezes, ser vítima da ignorância, mesmo vivendo na era digital.


Ser PCD é notar que, em algum momento, seus direitos serão desrespeitados, porque você faz parte de uma minoria.


Ser PCD é saber que, ainda que você explique que não há relação direta entre deficiências física e cognitiva, aos olhos de alguns, você sempre será incapaz de decidir por si.


Ser PCD é também ser obrigado a ouvir que pessoas sem deficiência não deveriam reclamar das suas vidas, sugerindo duas coisas colossalmente imbecis: que o problema dos outros é menor que o meu e que minha vida é ruim.


Ser PCD é suportar pessoas surpresas com o seu conhecimento ou julgando que você é um gênio.


Ser PCD é orientar as pessoas sobre frases capacitistas e receber um “você está exagerando”, como resposta.


Ser PCD é dizer que você não está inserido no mercado de trabalho por conta da falta de acessibilidade, e mesmo assim ser perguntado sobre quando terá um emprego.


Ser PCD é passar raiva com aquelas pseudo rampas, nas quais não há espaço suficiente para as quatro rodas da cadeira, embora haja uma norma que regulamente como elas deveriam ser.


Ser PCD é, na hora do flerte, se acostumar com aqueles que dizem que não se importam de se relacionar com “gente igual a você”, como se estivesse fazendo um favor.


Ser PCD é não ser indagado quando sua opinião também conta.


Por fim, ser PCD é lutar muito e sempre contra a horrível sensação de que situações como as supracitadas ocorrerão sempre.


Em resumo, eu lido bem com a minha limitação, mas após analisar tudo isso, chego à conclusão de que não precisa necessariamente ter uma deficiência para ser limitado.


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