Por Luana Moura
Lá vem o homem normal, desviando dos buracos de calçadas, subindo degraus.
Segue o homem norma olhando torto para todos os que não são como ele.
O homem normal tem certeza da sua superioridade e trata as pessoas com desdém.
O homem normal acha que há bastante equidade no mundo e que as oportunidades são iguais.
O homem normal pensa que acessibilidade é besteira e que não há necessidade de implementação.
O homem normal só faz sentir pena, mas, imagina ele, é disso que o mundo precisa.
O homem normal continua sua caminhada até o trabalho, bem-remunerado, nunca soube se a empresa em que ele trabalha é adaptada porque sequer reparou.
O homem normal é dito culto, vários diplomas e especializações, mas não perde a chance de fazer uma piada capacitista, da qual ninguém ri.
O homem normal ainda não se deu conta que também tem uma deficiência, falta de empatia.
O homem normal, ao voltar para casa, não se atentou ao sinal: VERMELHO.
Mas ele era bom demais, nada aconteceria.
Agora, já era tarde e o homem já não é normal, é um de nós.
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