
Por Luana Moura
Ninguém está preparado para ouvir a frase: "você é um exemplo de superação, se eu fosse você, nem sairia da minha cama."
Mas eu ouvi. Se a oração seguinte não existisse, tudo estaria bem.
Afinal, já me acostumei a receber elogios por fazer o mínimo. Sorrio e aceno. Vida que segue.
Mas dizer que "não sairia da cama" se no meu lugar estivesse, não soa como um elogio, porque não é um.
Esta sentença sugere que eu tenha uma vida ruim, necessariamente péssima. Isso está longe da realidade, felizmente.
Ainda não há um medidor de sofrimento, mas se eu pudesse apostar, diria haver muitos que sofrem infinitamente mais do que eu.
De repente, me dou conta... Se eu não fosse parte de uma minoria, talvez pensasse como essa pessoa.
O modo como a sociedade vê as pessoas com deficiência mudou bastante com o tempo, mas não o bastante para acharem que podemos ser felizes.
Então, a dura realidade: se eu fosse a pessoa que me disse isso, pensaria como ela.